Lição 13- Tempo de Restauração

Texto Áureo: "Os que edificavam o muro, e os que traziam as cargas, e os que carregavam, cada um com uma mão fazia a obra e na outra tinha as armas" - Neemias 4.17

Texto Bíblico Básico: Neemias 6.1-9



ESBOÇO DE NEEMIAS

Autor: Neemias
Esfera de Ação: 445 a 432 a.C.
Personagens Principais: Neemias, Esdras, Sambalate e Tobias
Jesus no Livro: Nosso Restaurador

Quase um século se passara desde que Zorobabel voltara a Jerusalém com o primeiro grupo de exilados. Depois dele, viera Esdras, com o segundo grupo. Isto já fazia treze anos. O Templo tinha sido reconstruído por Zorobabel e Esdras havia levado o povo a arrepender-se de seus pecados e a mudar de vida. Mas ainda faltava muita coisa a ser feita. Restara erros para serem corrigidos, e os muros de Jerusalém ainda estavam no chão - um verdadeiro amontoado de pedras.
Como já estudamos, ocorreram três regressos a Jerusalém, mediante o decreto de Ciro, em 583 a.C. (Ed 1.1-3). O primeiro regresso, liderado por Zorobabel, foi em 538 a.C. com 42.360 pessoas, exceto servos e cantores (Ne 12.1 Ed 2.64),o segundo regresso, liderado por Esdras, o correu em 458 a.C., no sétimo ano do reinado de Artaxerxes I (Ed 7.7). Estima-se que aproximadamente 1.500 homens subiram com ele, conferindo com o número de chefes de famílias em Esdras 8, nomes que também constam em Esdras 2, e em Neemias 7 e 10, representando assim, as doze tribos de Israel (Ed 8.35). O terceiro regresso, liderado por Neemias, em 445 a.C., com um grupo de exilados, para restaurar os muros e as portas da cidade. É no contexto do terceiro regresso que se desenrola o livro de Neemias, 13 anos após a subida de Esdras e seu grupo.

 NEEMIAS, O COPEIRO DO REI

Neemias era filho de Hacalias (Ne 1.1) e irmão de Hanani (Ne 1.2; 7.2). Neemias ocupava uma posição elevada  durante o reinado do imperador persa Artaxerxes. Era o copeiro do rei. Com a chegada de Hanani e alguns de Judá, Neemias teve a curiosidade em saber a situação dos judeus, bem com da cidade de Jerusalém. Neemias recebeu informações de que os judeus estavam em grande miséria e desprezo; o muro de Jerusalém fendido e as portas da cidade queimadas (1.3). Um cenário de grande sofrimento e humilhação para aqueles que eram e diziam ser o povo de Deus na terra. Como representariam Deus neste estado? Essa foi a má notícia que chegou aos ouvidos de Neemias.

Nessa época, o rei da pérsia era Artaxerxes, filho daquele Assuero casado com a rainha Ester. Ela ainda era viva, e alguns historiadores acreditam que Neemias tenha sido nomeado copeiro do rei por influência dela. Seu cargo era de confiança e envolvia a tarefa de provar o vinho antes do rei beber para garantir o seu não-envenenamento. Neemias estava numa posição suficientemente próxima do rei, o que lhe garantia falar livremente com ele quando precisava. Sua vida na corte era tranquila e confortável, mas ele preferiu trocar tudo por uma vida de trabalho e aflições. Neemias foi um grande exemplo de governante, pois era justo, humilde, e não se deixava corromper pelo poder. Como resultado de seu relacionamento com Artaxerxes, Neemias tornou-se o instrumento em prol da reconstrução dos muros de Jerusalém e da reforma civil, no período pós-exílico.

Diante da má notícia, Neemias interessou-se por socorrer os judeus e a cidade de Jerusalém, que estavam distante dele. A distância não impediu que o coração de Neemias se comovesse pelo estado dos seus patrícios. Diante do quadro de humilhação e sofrimento, assentou-se, chorou, lamentou, jejuou, orou. Em primeiro lugar, Neemias assumiu a situação diante de Deus em oração. Em segundo lugar, assumiu essa causa humilhante diante do rei, fazendo-lhe uma petição.

Entendemos pelo texto, que Neemias oravam enquanto esperava uma oportunidade favorável com o rei para lhe fazer tal pedido. Esse pedido tinha um propósito específico: a reedificação da cidade. Neemias passou pelo tempo de espera, e, com certeza isso deve ter aumentado sua tristeza, a ponto de transparecer em seu semblante (2.2). Tal tristeza chamou a atenção do rei e Neemias foi sincero, dizendo ao rei o que estava lhe causando a tristeza no coração. Ele valeu-se dos protocolos reais suplicando: "Se é do agrado do rei... peço-te que me envies a Judá, à cidade do sepulcro dos meus pais, para que eu a edifique" (2.5). Após um acordo quanto ao tempo de sua ausência na corte, Neemias recebeu autorização para partir.

Na época de Neemias, não se admitia que um servo do rei se apresentasse triste em sua presença. O rei poderia entender o aspecto triste como uma afronta, pois ele oferecia toda a estrutura para o conforto e o bem estar dos seus servos, dentro do palácio. Cabia aos servos, manter o ambiente agradável e saudável para o rei. Neemias mesmo temeroso, não se omitiu nem se esquivou, antes, revelou ao rei a razão da sua tristeza.
 Neemias, ainda na mesma oportunidade, agiu com sabedoria, pedindo o aval do rei diante dos governadores dalém do rio e do guarda do jardim real, Asafe (2.7,8). Ousou pedir. Pediu cartas de autorização para que os governadores das províncias por onde teria que passar até chegar a Judá, não impedissem sua passagem; também pediu carta de doação para Asafe, o guarda do jardim real para que pudesse levar madeira para a reconstrução de Jerusalém (2.7,8).

OPOSIÇÃO E OPOSITORES

Neemias enfrentou muita oposição no trabalho de reconstrução dos muros de Jerusalém. A resistência surgiu das nações vizinhas, de dentro da própria comunidade judaica, e novamente dos povo que viviam ao redor. Primeiro foram os governadores das províncias adjacentes que causaram problemas a Neemias. Sambalate, governador de Samaria, e Tobias, de Amom, zombaram do homem de Deus e de seus trabalhadores. Também levantaram a acusação politicamente grave de que Neemias se rebelara contra Artaxerxes (Ne 2.10,19,20). O servo do Senhor resistiu aos esforços deles para desanimá-los por meio da oração e do trabalho cada vez mais árduo (4.4-6). Depois que os ataques verbais falharam, Sambalate e Tobias planejaram utilizar a força (4.8). Mesmo assim, Neemias orou e preparou seus trabalhadores para se defender.

A segunda onda de resistência veio de dentro da comunidade judaica. Muitas pessoas reclamaram que eram maltratadas pelos ricos. A usura era um hábito muito difundido em Judá. Neemias acabou com essa prática (Ne 5.1-13), e demonstrou grande generosidade com o pobres. Conseguiu favor do povo e a reconstrução continuou.

Mais uma oposição à reconstrução veio novamente por parte de Sambalate. Ele, Gesém, o árabe e outros inimigos tentaram enganar Neemias e tirá-lo de Jerusalém (Ne 6.2), mas este se recusou a ir. Gesém então o acusou de traição (v.6), mas Neemias resistiu a tal acusação (v.8).  O livro menciona também Noadias e outros profetas que tentaram intimidar Neemias, o qual, entretanto, superou todas as suas tentativas (v.14). Como resultado da persistência, Neemias e seus trabalhadores terminaram a obra (Ne 6.15 a 7.3). Jerusalém estava novamente segura contra seus inimigos.

AS REFORMAS

Neemias não se preocupou apenas com a reconstrução dos muros de Jerusalém; devotou-se também às reformas religiosas de Judá. Com a assistência do escriba Esdras, renovou o compromisso da comunidade pós -exílica para com o Senhor.

As reformas aconteceram em várias áreas. Neemias nomeou oficiais para liderar o povo. Providenciou para que todos fossem ensinados na Lei de Moisés. Supervisionou a leitura da Palavra de Deus durante a Festa dos Tabernáculos, quando povo prometeu não se envolver mais com casamentos mistos, guardar o sábado e apoiar os serviços do Templo (Ne 8 a 10). 

Em 433 a.C. Neemias retornou á Pérsia, onde permaneceu por um ano (Ne 13.6). Ao regressar a Jerusalém, descobriu que Tobias, seu antigo adversário, alcançara o favor do sumo sacerdote Eliasibe, que morava no Templo. Neemias o expulsou da província. Além disso, foi informado de que muitos judeus tinham-se casado novamente com mulheres estrangeiras, com o intuito de preparar o cenário para a apostasia. em resposta, Neemias repreendeu severamente os infratores. 

Em todas essas reformas, Neemias mostrou ser muito mais do que um político competente. Reconhecia que a conformidade externa com as leis de Deus não era suficiente. A reconstrução dos muros de Jerusalém precisava ser acompanhada por uma reforma no estilo de vida. Desta maneira, ele lembra a todos que a verdadeira devoção ao Senhor não atinge apenas o exterior, mas principalmente o coração do seu povo.


REFLEXÃO: UM SÓ CORPO NA PRÁTICA

Por Pra. Rosangela Sant'Anna

Uns dias atrás, me veio a mente a história de Neemias. Ele é sempre usado como exemplo de grande líder, exemplo de fidelidade a Deus, e por sua postura diante dos desafios e organização diante de uma grande empreitada. Mas dessa vez foi diferente. Não foi isso que me veio a mente a respeito dele, e é sobre isso que quero falar com vocês. Neemias servia na corte de Artaxerxes, rei da Pérsia, como copeiro, quando recebeu uma visita de um de seus irmãos e alguns homens de Judá. Enquanto conversavam, Neemias perguntou como estavam os judeus que escaparam e que restaram do cativeiro e a respeito de Jerusalém. A resposta foi desoladora! Eles disseram que os que restaram estavam em grande miséria e desprezo. O muro de Jerusalém estava fendido, e as portas queimadas. As notícias não eram boas; muito pelo contrário, eram bem tristes. Neemias ficou pesaroso e lamentou a situação de seus irmãos judeus. Mas os seus sentimentos poderiam ficar só nisso. Afinal, a situação dele era bem confortável. Embora não estivesse entre eles, nem na sua terra, a sua vida era boa. Ele tinha casa, comida, conforto e servia diretamente o rei mais poderoso da sua época. Sendo assim, porque se preocupar com seus irmãos? Afinal, apesar de ser servo no reino da Pérsia, tudo ia bem com ele. Deus o havia abençoado em terra estranha! Mas a postura de Neemias foi outra. Ele sentiu a dor de seus irmãos como que se ele próprio estivesse lá. Ele lamentou o fato de sua tão linda Jerusalém estar em ruínas. E não ficou só por aí. Além de lamentar e chorar, ele orou, jejuou e intercedeu a Deus pelo povo como se estivesse entre eles. E se ainda não bastasse, não perdeu a oportunidade de reverter a situação de Jerusalém e de seus irmãos, deixando todo o conforto para reconstruir os muros e portas de Jerusalém.
Quantas vezes ouvimos histórias tristes de nossos irmãos em Cristo. De suas dificuldades e infortúnios que por vezes assolam suas vidas, envolvendo casamento, família, emprego, ministério… E somos tão insensíveis a ponto de nem mesmo lamentar, o que seria muito pouco. Alguns ainda riem, zombam, se alegram e até julgam dizendo que a pessoa merecia que tal acontecimento lhe sobreviesse. Não somos capazes de chorar pela tristeza de nosso irmão. Não somos capazes de lamentar, com o lamento do coração pela situação triste e dramática que está passando. Afinal, conosco vai tudo bem! Mas, uma coisa muito séria acontece aí. Nós esquecemos que somos um só corpo, e se somos incapazes de sentir a dor de um dos membros pelo qual estamos unidos, é sinal que não estamos ligados a esse corpo e enganamos a nós mesmos achando que somos participantes do Corpo de Cristo apenas por participar da Santa Ceia. Ser Corpo de Cristo e ser a extensão da cabeça que é o próprio Cristo. É sentir a dor do outro, é chorar com ele, é orar por ele. É abraça-lo sem nenhuma intenção e dizer: ”Estou com você!“. É amá-lo sem julgá-lo. Foi isso que Jesus ensinou. Se o meu corpo não obedece aos comandos da minha cabeça, é hora de procurar um médico. O Espírito Santo, nosso fiel amigo e ajudador, está disposto a nos curar, para que possamos novamente ser sensíveis ao comando da Cabeça desse grande corpo. É hora de voltarmos. É hora de resgatarmos o que foi perdido, e vivermos o amor de Deus. Será que somos capazes de como Neemias abrirmos mão de nosso conforto para ajudar nosso irmão? Pense nisso! 
Fonte: http://mulherv.alkipage.com

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