Lição 01 - Introdução aos Livros Poéticos


Texto Áureo: "Porque ele fortaleceu os ferrolhos das tuas portas; abençoa aos teus filhos dentro de ti" - Salmo 147.13

Texto Bíblico Básico: Salmo 147.1-11







Do hebraico "Yyob", significa: "estar em hostilidade", "provar". A forma original "Yyab", seria: "onde está o meu pai?" ou simplesmente "sem pai". Dá-se também a tradução de "odiado" para o nome hebraico de Jó. Embora seja este o título que corresponde ao teor do livro, é bom que se reconheça, à luz da experiência de andar com Deus , que as provas que procedem de Deus nunca são para nos destruir mas para nos aperfeiçoar o caráter e preparar para momentos muito especiais,  assim como o atleta que, embora passe por momentos de disciplina rígida, reconhece não estar sendo castigado por isso.


Autor. Há muita discussão em torno da autoria de Jó, já que se trata de um livro autônomo. Vários nomes tem sido cogitados, como o do próprio Jó, Eliu, Moisés, Salomão ou Jeremias. Segundo do Talmude judaico, o livro teria sido escrito por Moisés e esta posição é sustentada por grande número de evangélicos, porém as características de Jó o aproximam  mais da era patriarcal do que da mosaica. O livro não menciona a Lei, nem as intervenções divinas através do Êxodo.

Há também suposições de que teria sido escrito em algum centro de erudição aramaica. Não há qualquer menção às leis mosaicas ou qualquer associação com alguma coisa distintamente judaica.

Data. As sugestões variam quanto à data do livro. Alguns o situam entre 2.000 e 1.000 a.C., enquanto outros, principalmente os eruditos mais modernos, consideram que embora a história de Jó fosse muito antiga, fazia parte de uma tradição oral que veio a ser transmitida muito posteriormente, ou seja, numa variação de tempo que vai do século VII ao século IV a.C.

Procedência. Sendo Jó o "maior do Oriente", com se lê em 1.3, os indícios históricos sugerem algum lugar perto de Araam Naharim (Aram dos Dois Rios) ao norte da Mesopotâmia. Em Jó 1.1 lemos que Jó vivia em Uz. Esta é uma cidade localizada entre Damasco e Síria ao norte, tendo Edom ao sul.

Data e Fatos Relacionados. Período patriarcal entre Abraão e Moisés. Embora os liberais digam que Jó seja uma história fictícia, temos muitas razões para crer que se trata de uma história verídica.
1. É habitante de Uz, um lugar histórico e não imaginário.
2. Elifaz, o temanita devia ser um descendente de Temã, neto de Esaú e filho de Elifaz (Gn 36.15).
3. A história de Jó é citada quatro vezes por Ezequiel.
4. Tiago usa a história de Jó como exemplo de paciência (Tg 5.10-11).


SALMOS

Os Salmistas foram herdeiros das mais profundas experiências espirituais dos profetas. Foram os caudilhos intelectuais e espirituais de Israel. Exploraram novos sendeiros que conduziram a Deus e abriram novos caminhos ao trânsito do homem. Os Salmos representam aproximadamente mil anos da história de Israel e podem ser considerados como uma transcrição dos impulsos viventes do coração do povo hebreu. Procedente de uma grande variedade de pessoas que tanto haviam aprendido a exultar em manifestações de gozo inexprimível quanto a clamar a Deus da profundeza das angústias do coração, o Livro dos Salmos se constitui num espelho da alma não só  de Israel, mas também da humanidade inteira.

Autoria dos Salmos. Em razão de Davi ter composto a maioria dos Salmos, ele aparece quase que como autor absoluto deste livro. Os seus autores na verdade foram:

Davi, com 73 Salmos;
Asafe, com 9 Salmos;
Os filhos de Coré, com 2 Salmos;
Hemã, com 1 Salmo;
Etã, com 1 Salmo;
Moisés, com 1 Salmo;
Os demais tem autores desconhecidos.
Davi era músico (II Sm 1.19-27; 3.33-34), e pode, portanto, ter escrito poesias religiosas.

Data dos Salmos. Muitos hinos são de origem anterior ao cativeiro, porém  em sua forma atual, em todo o caso, tem sido colecionados e redatados para o período posterior ao desterro. A data dos Salmos deve ser determinada quase inteiramente sobre a base de evidências internas. Para isto, são quatro os princípios diretivos:
1. as alusões históricas
2. o estilo literário
3. sua relação com outros escritos de datas conhecidas
4.o caráter de suas ideias religiosas

A importância dos salmos para hoje. Não há no mundo outro conjunto de literatura devocional comparável aos Salmos como expressão de realdade, profundidade e pureza da experiência religiosa. Os aspectos principais em que parece ser mais significativo seu valor religioso para o mundo de hoje são: 1.  Ideia de Deus que o livro apresenta; 2. na diversidade de experiência religiosa que mostra.

A Ideia de Deus que o saltério Apresenta. O saltério apresenta o conceito de um Deus majestoso. O criador do mundo. Os céus, terra, as estrelas, toda a natureza devem a Ele a Sua existência. O homem também foi criado para um propósito bem específico. Tratado como um ser feito "pouco menor que Deus". A natureza mostra a mente de Deus.Os céus contam a sua glória. O trono é a sua voz. Deus, em Salmos é o Todo Poderoso, o Onisciente, o Onipresente. Deus é também o Deus da história. A História da humanidade avança para atingir uma meta única: o reino de Deus sobre toda a humanidade em toda a Terra. Este Deus criou a nação de Israel. É o Deus de Moisés e do Êxodo, do Sinai e do deserto, da invasão e do estabelecimento em Canaã. Este Deus revela-se ao mundo, através de seu povo, Israel.

PROVÉRBIOS

O Livro de Provérbios é um resumo das melhores contribuições dos sábios hebreus, desde os tempos primitivos até os dias da restauração do pós-cativeiro babilônico do século V a.C.


Autoria. A tradição atribui Provérbios a Salomão, em razão de sua excelente sabedoria. Há referências a Salomão (10.1 e 25.1). O segundo versículo diz que os servos do rei Ezequias copiaram os provérbios de Salomão, Outros autores como Agur e Lemuel, são citados (30.1; 31.1). É fato conhecido em I Rs 4.29-34, que  Salomão escreveu três mil parábolas , mil e cinco versos, dissertou sobre botânica e Zoologia. E porque Salomão se apresenta no livro, tem se a impressão, sustentada pela tradição, de que ele é o único autor desse livro, quando se sabe que não o é!

Conceito de Deus. Deus é Criador com Seu poder criador ele transforma todas as coisas (3.19-20). Assemelha-se às vezes, ao livro de Isaías (8.22-31 compare com Isaías 40.12,21-24; 44.24; 45.11,12), e com o livro de Jó (9.5-10; 26.7-12; 38.4-13). Os conceitos de Deus  aí registrados, se parecem mais com os últimos períodos da história hebréia do que com os tempos do rei Salomão. Davi, pai de Salomão pensava em Deus como se estivesse confinado ao território hebreu (I Sm 26.19). Até a época dos escritos proféticos não apareceu a ideia de um Deus que fosse de toda a terra. Em Amós 9.7, a idéia apenas passa com uma interrogação. Provérbios faz sua aparição no terrenos das idéias quando esse conceito de Deus havia fixado raízes profundas. Por isso é que Provérbios é considerado um dos últimos  livros do Antigo Testamento.

O Estado da Mulher. Nos primeiros tempos da monarquia prevalecia a poligamia. Todos os reis de Judá e Israel tinham o seu haréns. Nisto, inclusive Salomão, ficou famoso. No século VII a.C., um homem podia casar-e com até duas esposas (Dt 21.15). Nenhuma lei existia que proibisse a poligamia. Já no livro de Provérbios, o conceito firmado da a ideia clara da monogamia (12.4; 18.22; 19.14; 21.9; 25.24).

A Entidade Social. Durante os primeiros anos do povo hebreu, o interesse social se centralizava na nação ou na família. Os relato do que sucedeu a Acã ilustra esta unidade familiar (Js 7). As mensagens dos primeiros profetas era dirigidos à nação. É notável que em Provérbios não haja referência nenhuma à nação como entidade.

Tema Principal. O assunto dominante é o valor supremo da sabedoria. A sabedoria encerra tanto a conduta moral como a ciência e conhecimento. O livro personifica a sabedoria. A sabedoria se apresente como querendo persuadir os homens da sua importância (cap.8). Sua origem está em Deus e é contrária a toda a forma do mal. A sabedoria é a base de toda autoridade, fonte abundante de prosperidade. Trata da insensatez, os vícios sexuais, bem como de toda a sorte de imoralidade como contrários a ela.

Excelente programa de educação religiosa. Suas diversas cláusulas merecem um estudo detido.

1. "Para entender a sabedoria e doutrina". Sabedoria era um tema contemplado com simpatia pelos hebreus. A sabedoria consiste em saber qual a melhor maneira de se conduzir diante de Deus. E com a sabedoria a primeira causa que se associa é a doutrina,

2. "Para conhecer as razões prudentes". Este é o segundo ponto da cláusula do programa.

3. "Para que se adquira instrução no bom proceder, na justiça, no juízo, e na equidade". Aqui, Provérbios tende a chamar a atenção do crente a ir além do que determina a letra e a lei, tornando-a parte do ser.

4. O programa inclui jovens e anciãos. Ao mesmo tempo em, que exalta a inteligência vigorosa dos jovens, o livro expõe em relevo os conselhos sábios dos anciãos.

5. Finalmente, o programa trata de alcançar a possessão das distintas formas literárias e seus significados. A palavra traduzida por Provérbios parece abarcar todo o campo da poesia, segundo se depreende do seu uso no hebreu.

Peculiaridades. O Livro trata dos temas principais da vida, oferecendo orientação segura para qualquer situação, tomando como ponto de partida a Sabedoria. Tudo que se vive, seja em matéria de trabalho, realizações e descanso, deve ser sempre encarado na ótica da sabedoria, porque então, cada situação da vida, além de melhor aproveitada, resultará ainda em benefícios à própria vida. Fala da seriedade da vida ,as sempre com muito otimismo, discute as recreações saudáveis e as perigosas. Quando adentra ao ambiente familiar, expõe com certo detalhes a importância da sexualidade. Fala do relacionamento entre pais e filhos e trata com detalhada propriedade acerca da vida financeira. É um Livro que exulta as virtudes pessoais tendo sempre como ponto de partida o temor  a Deus que é o princípio de toda a sabedoria.

ECLESIASTES

O nome Eclesiastes que chegou até nós por meio da Vulgata Latina, significa literalmente "membro de uma assembléia". 

Autor e Data. Ainda que alguns comentaristas atribuam a algum filósofo hebreu, a tradição sustenta, tanto pelos judeus quanto pela Igreja, é a de que Salomão seja o autor desse livro.

Propósito. O propósito é prantear os problemas e as dificuldades da vida, mais do que resolvê-los. Rodeado pela confusão própria das condições externas e sociais, seu único objeto parece haver sido descobrir o verdadeiro valor da vida. Vale a pena viver? Que benefício pode-se esperar afinal de contas? Em que consiste a mais alta felicidade do homem? Qual é o sumo bem? O autor vê a vida numa forma de conta de "ganhos e perdas" como em Jó 19.10.

Conteúdo. O livro apresenta uma lista de variadas modalidades do pessimismo, hedonismo, sofisticação e fé. Age dentro de um método filosófico indutivo, que explora cada um dos cantos do conhecimento, antes de formular uma conclusão. Em resumo, faz quatro investigações em separado acerca do benefício real da vida.
1- A busca da sabedoria. Avalia as misérias que são comuns aos homens de todas as classes e descobre com trágica angústia que as coisas torcidas não podem ser endireitadas e que "na muita sabedoria há muito enfado; e quem aumenta em saber (à parte de Deus) aumenta em dor.
2-A busca do prazer. Se volta desiludido da sabedoria para o prazer, porém descobre que também o prazer produz dor.
3- A busca do trabalho e das riquezas. Trabalhar e ganhar dinheiro são o princípio, a nova proposta do caminho da felicidade; porém, depois vêm os questionamentos: para quem deixar o que se conquistou com tanto esforço? E a riqueza acumulada também gera riscos. Não há nisto felicidade, conclui o pregador.
4- A busca da fama. Aqui está a quarta proposta  para a felicidade: "O bom homem é melhor do que o unguento precioso" (7.1). Discute a divergência que há entre a sabedoria e a insensatez lisonjeira. Também aí não há felicidade

Valor. Eclesiastes constitui principalmente um ensino de um novo conceito da providência de Deus. Segundo alguns estudiosos, o Livro de Eclesiastes retrata uma fase ruim na vida espiritual de Salomão. Em suas perguntas cruciais sobre a vida, ele manifesta o tédio de viver separado de Deus. Faz perguntas, mas não encontra em si mesmo, respostas convincentes para nenhuma delas. Para ele tudo é vaidade, ou seja, tudo gera tédio. O movimento da vida, o vai e vem de todas as coisas, parece não levar a nada, até que ele se acerta com Deus e o seu discurso muda. O livro retrata o pensamento do homem separado de Deus. Faz as suas perguntas, mas depois de uma conclusão óbvia, que aparece no final do livro, parece fazer descansar sua ânsia de respostas. Seu pessimismo cai por terra e ele descansa na soberania de Deus, para onde todas as coisas devem culminar (12.13-14).

CÂNTICO DOS CÂNTICOS

Autoria. Muitos liberais negam a autoria de Cantares por Salomão. Outros a sustentam, com base tanto nas evidências externas quanto internas. O primeiro versículo atribui a Salomão a autoria, além de referir-se a ele cinco vezes. Salomão escreveu 1005 cânticos (I Rs 4.32). As referências botânicas (árvores e flores), bem como zoológicas (animais), indicam  um autor que conhecia biologia. Salomão escreveu sobre isto (I Rs 4.33). Outra característica interessante é o conhecimento geográfico do livro. Faz referência ao Norte e Sul de Israel. Isto aponta um tempo e, que o reino ainda não estava dividido. Coincide, portanto, com a época de Salomão.

Data. Provavelmente o livro foi escrito em 970 a.C., assim que Salomão assumiu o trono. Nesse tempo, sem harém ainda era pequeno (60 a 80 mulheres).

Características Gerais. Cântico dos Cânticos é um poema ou uma coleção de poemas que descrevem, com deliciosa fantasia, habilidade literária, portentosa e com uma apreciação fora do comum dos encantos da natureza, a emocionante união entre dois amantes pelo casamento. Seu tema é o amor que une um homem e uma mulher que floresce entre as vinhas da Palestina ao chegar a primavera, descrito com riqueza de detalhes e uma cândida e espontânea liberdade de expressão realmente orientais.

Cenário Religioso. Como pode um livro de teor erótico figurar entre os livros sagrados sobretudo quando não faz menção de Deus? - É a pergunta de muitos. Embora não fale de Deus diretamente, a palavra "Yah", traduzida por 'Senhor", aparece em 8.6. A palavra apresenta uma denominação divina abreviada.

Como o livro é visto. 
1. Drama. É uma apresentação teatral de uma série de acontecimentos que atingem um clímax. Ou o livro é um Drama que é um Idílio Lírico. 
2. Idílio Lírico. Uma obra que trata de "cena campestre". 
3. Romance de casamento. Pode ser também que o livro trate de um romance de casamento do rei Salomão com a sulamita.

Característica literária. Para os judeus, o livro foi considerado sagrado por trazer uma alegoria que trata do relacionamento amoroso entre Israel e o Senhor. É um livro que tem sido mal interpretado e compreendido. Uns o vêem como um livro erótico, outros como um livro meramente alegórico (porque trataria do relacionamento entre Israel e Deus, quanto da Igreja e Cristo). A interpretação mais sensível e natural, é que o livro de Cantares é uma antologia de poesias líricas e amorosas, mais do que apenas um poema. O livro consistia numa coleção de cantos nupciais que eram entoados nas cerimônias de casamento. Durante sete dias depois das bodas, os noivos e a noiva são entronizados e ele reina como rei (3.11); seus encantos são elogiados em termos extravagantes; realizam-se em sua presença danças e jogos e a rainha toma parte ocasionalmente em uma breve dança para exibir seus atrativos reais. Deve-se notar que o livro tem uma certa unidade literária. Qualquer que seja a origem ou forma  original dos cantos, provavelmente foram polidos e postos na ordem atual com o fim de apresentar um ritual para ser usado nas cerimônias nupciais. Em nenhuma outra composição literária esta divina paixão tem sido tão maravilhosamente descrita como nas palavras que a noiva dirige ao seu esposo ao entrar no seu lar completamente envolvida pelos laços matrimoniais.

Objetivos.

1. O livro tem o objetivo histórico de comemorar o casamento de Salomão com a Sulamita.
2. O objetivo religioso é o de tratar do relacionamento entre Deus e o Seu povo.

Cantares de Salomão é um livro lido nas celebrações de Páscoa, bem como nas cerimônias de casamentos judeus.


FONTE DE PESQUISA

Livro - Texto "Ministério IDE"  - Curso Intensivo de Teologia  -Volume I - 1ª Edição





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